No centro da sala,
diante da mesa,
no fundo do prato,
comida e tristeza.
A gente se olha,
se toca e se cala
E se desentende
no instante em que fala.
Medo, medo, medo, medo
Cada um guarda mais o seu segredo,
sua mão fechada
sua boca aberta
seu peito deserto,
a sua mão parada,
lacrada,
selada,
molhada de medo.
Pai na cabeceira: É hora do almoço.
Minha mãe me chama: É hora do almoço.
Minha irmã mais nova, negra cabeleira...
Minha avó reclama: É hora do almoço.
Ei moço
E eu ainda sou bem moço
pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas,
cuidemos da vida,
senão chega a morte
ou coisa parecida,
e nos arrasta moço
sem ter visto a vida
ou coisa parecida, ou coisa parecida, ou coisa parecida
Aparecida
PS: Sobre o Belchior, bem… não sou fã dele cantando, mas como compositor o cara é show! Faça um teste: coloque essa música para tocar junto com “Águas de Março” de Tom Jobim. Depois me conte o que aconteceu e o que vc sentiu.
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