Assim n
água entraste
e
adormeceste,
suicida
cristalina.
Todos os
mortos vivem dentro de uma lágrima:
tu,
porém, num tanque límpido,
sob
glicínias,
num claro
vale.
Não vês
raízes nem alicerces,
como os
outros mortos:
mas o sol
e a lua,
Vésper, a
rosa e o rouxinol,
nos seis
espelhos que te fecham por todos os lados.
Pode ser
que também Deus se aviste,
nessa
imóvel transparência.
E pode
ser que Deus aviste teu coração,
e saiba
por que desceste
esses
degrau de cristal que iam para tão longe.
Ah!
é o que
rogamos para sempre,
diante da
tua redoma
onde
dormes sozinha com os teus longos vestidos,
diante da
tua transparente,
fria,
líquida barca.
Cecília Meireles
Nenhum comentário:
Postar um comentário