Não
deixaremos o jardim morrer de sede.
Mali
asperge com um pouco d’água as plantas.
Como
quem rega? Como quem reza.
Cada
vaso recebe cinco ou seis gotas d’água
e
mais o amor de Mali, um amor moreno, sério,
de
turbante branco.
Não
deixaremos o jardim morrer de sede.
Tudo
já está calcinado. Pedra, cinza, areia.
Mali
sacode a água dos dedos:
sementes
de vidro ao sol.
As
plantas são magras como donzelas
e
assim gentis.
E
duas pequenas romãs amadurecem,
rosa
e marfim,
num casto
vestido de folhas foscas.
Cecília Meireles
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