domingo, 29 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 25 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
João Guimarães Rosa
"Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto."
sábado, 21 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
Memórias do Subsolo
"Chego a pensar por vezes que o amor consiste justamente no direito que o objeto amado voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele."
Dostoievski
domingo, 15 de junho de 2014
Espelho
Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
E, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
E, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)
E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já
E, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
João Nogueira/Paulo Cesar Pinheiro
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Deus, obrigado por me fazer passar por essa vida sabendo que coisas belas assim existem.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
Vem
sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente
fitemos o seu curso e aprendamos
Que
a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos
as mãos.)
Depois
pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa
e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai
para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos
as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer
gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais
vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem
amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem
invejas que dão movimento de mais aos olhos,
Nem
cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos
tranquilamente, pensando que podíamos,
Se
quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas
que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos
flores, pega tu nelas e deixa-as
No
colo, e que o seu perfume suavize o momento –
Este
momento em que sossegadamente não cremos em nada
Pagãos inocentes da decadência.
Ao
menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem
que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque
nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E
se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu
nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás
suave à memória lembrando-te assim – à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
terça-feira, 3 de junho de 2014
segunda-feira, 2 de junho de 2014
XXXVI
E
há poetas que são artistas
E
trabalham nos seus versos
Como
um carpinteiro nas tábuas!...
Que
triste não saber florir!
Ter
que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E
ver se está bem, e tirar se não está!...
Quando
a única casa artística é a Terra toda
Que
varia e está sempre bem e é sempre a mesma.
Penso
nisto, não como quem pensa, mas como quem respira.
E
olho para as flores e sorrio...
Não
sei se elas me compreendem
Nem
se eu as compreendo a elas,
Mas
sei que a verdade está nelas e em mim
E
na nossa comum divindade
De
nos deixarmos ir e viver pela Terra
E
levar ao colo pelas Estações contentes
E
deixar que o vento cante para adormecermos
E
não termos sonhos no nosso sono.
Alberto Caeiro
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