sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uns Dias

O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta
Eu nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei
Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Eu nem te falei
Que eu te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque sofria
Mas você chegou já era dia
E não estava sozinha
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar
Paralamas do Sucesso

sábado, 24 de janeiro de 2015

O Teu Riso



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, na hora
mais obscura desfia
o teu riso, e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.

Pablo Neruda

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Dublê de Corpo

Eu não reconheço mais, olhando as fotos do passado
O habitante do meu corpo, deste estranho dublê de retratos
Talvez até eu já vivesse em algum corpo emprestado
Esperando só por você pra reunir meus pedaços
Foi tanta força que eu fiz por nada,
Pra tanta gente eu me dei de graça
Só pra você eu me poupei
Será que o tempo sempre disfarça,
Tomara um dia isso tudo passa
Desculpa as mágoas que eu deixei
Eu já dei a outra alma aos bruxos e vampiros
Eu quero que eles façam a festa enquanto eu me retiro
Só você sentiu por mim, o que nem eu sentiria
Você foi o meu escudo, e eu a própria covardia
Foi tanta força que eu fiz por nada,
Pra tanta gente eu me dei de graça
Só pra você eu me poupei
Será que o tempo sempre disfarça,
Tomara um dia isso tudo passa
Desculpa as mágoas que eu deixei
Se você ainda acreditar, eu prometo dublar seu corpo
Te proteger, te poupar das dores,
Te devolver o amor em dobro, não se ama, amor, em vão
Heróis da Resistência

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Que amor sigo?




Que amor sigo? Que busco? Que desejo?
Que enleio é este vão da fantasia?
Que tive? Que perdi? Quem me queria?
Quem me faz guerra? Contra quem pelejo?

Foi por encantamento o meu desejo,
e por sombra passou minha alegria;
mostrou-me Amor, dormindo, o que não via,
e eu ceguei do que vi, pois já não vejo.

Fez à sua medida o pensamento
aquela estranha e nova fermosura
e aquele parecer quase divino.

Ou imaginação, sombra ou figura,
é certo e verdadeiro meu tormento:
Eu morro do que vi, do que imagino.

Francisco Rodrigues Lobo

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Nas noites de frio serei o seu cobertor


"E antes de acontecer o Sol
A barra vir quebrar
Estarei nos teus braços
Para nunca mais voar"

Gonzaguinha - "Espere por mim, morena"

domingo, 11 de janeiro de 2015

Falando de Amor

Se eu pudesse por um dia 
Esse amor, essa alegria 
Eu te juro, te daria 
Se pudesse esse amor todo dia 
Chega perto, vem sem medo 
Chega mais meu coração 
Vem ouvir esse segredo 
Escondido num choro canção 
Se soubesses como eu gosto 
Do teu cheiro, teu jeito de flor 
Não negavas um beijinho 
A quem anda perdido de amor 
Chora flauta, chora pinho 
Choro eu o teu cantor 
Chora manso, bem baixinho 
Nesse choro falando de amor

Quando passas, tão bonita 
Nessa rua banhada de sol 
Minha alma segue aflita 
E eu me esqueço até do futebol 
Vem depressa, vem sem medo 
Foi pra ti meu coração 
Que eu guardei esse segredo 
Escondido num choro canção 
Lá no fundo do meu coração

                                            Tom Jobim

Ignoro

Ignoro quando choro 
Ignoro quando choro 
Porque se fosse chorar
Ia chorar sem parar 

Te puseram nesta terra 
Esqueceram de avisar 
Que tá tudo tão travado 
Ninguém pode te ajudar 
Se o normal é por ai 
Abre as portas do hospício 
Sabe? Do lado de fora 
O sorriso vem com vício 

Na cidade rola solto
O que o homem traz no bolso 
Muitas vezes não é nada 
Então vem a madrugada
De onde ele rouba um pouco 
Rouba um pouco deste muito 
Que nos roubam todo dia 
Prá viver na mordomia 

E ninguém faz nada por isso 
O que era promessa 
Virou compromisso 
E ninguém faz nada por isso

                        Catalau e Helcio Aguirra

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Ouça e tire suas conclusões. A letra está no post logo abaixo

Golpe de Estado - "No Entanto"

No Entanto

Com tinta do desprezo e do orgulho
Retoca os fios grisalhos do cabelo
Ostenta o queixo erguido
Ao pé do espelho
E no entanto nada é mais belo
Engorda porque já não cabe em si
E aumenta quando senta ao vão do vime
Sem dentes já não morde nem sorri
E no entanto nada é mais sublime
E no entanto nada é mais sublime
E no entanto nada é mais singelo
E no entanto nada é mais amado
E no entanto nada é mais belo
Faz pose para o próximo retrato
Enquanto em suas veias gela o gelo
Com a língua alheia lustra o seu sapato
E no entanto nada é mais singelo
E no entanto nada é mais amado
E no entanto nada é mais belo
E no entanto nada é mais sublime
E no entanto nada é mais singelo
Quanto mais se entope de perfume
Mais aumenta o cheiro putrefato
Nada mais fermenta nesse estrume
E no entanto nada é mais amado
Golpe de Estado e Arnaldo Antunes

domingo, 4 de janeiro de 2015

Meu Deus!!! E tem gente que vai morrer sem conhecer isso? Não pode....

João Bosco - "Expresso 2222" ao vivo

Disparada

Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

                                               GV e TB