terça-feira, 15 de dezembro de 2020

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Que a minha mão não trema...

 Bibliocausto


Que a minha mão não trema

ao deitar no fogo forte e primitivo

todos os traidores

que me deram veneno.


Queimarei o frio

geometrizador da vida

lapidada através de lentes bem polidas

(ah, o horror daquela pedra voando,

tangida pela mão de não sei que demônio,

e a pensar, pelo espaço, que ainda tem arbítrio!…)…


Queimarei o detrator,

maníaco e vaidoso,

que quis deter a vida numa câmara lenta,

para a tingir depois numa câmara escura

(ah, o inferno galopando às doidas,

nos cavalos sem freios

da vontade cega e sem destino!…)…


Queimarei o louco,

ébrio de orgulho,

raivoso de fraqueza,

que destilava haxixe em frascos verdes

na paisagem alpina

(ah, o prazer com que ainda o queimaria

em cada uma das voltas pavorosas

do seu Eterno Retorno!…)…


E só ficará comigo

o riso rubro das chamas, alumiando o preto

das estantes vazias.

Porque eu só preciso de pés livres,

de mãos dadas,

e de olhos bem abertos…

– João Guimarães Rosa, do livro “Magma”. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 138-139.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Miau

 O GATO

Vinicius de Moraes


Com um lindo salto

Leve e seguro

O gato passa

Do chão ao muro

Logo mudando

De opinião


Passa de novo

Do muro ao chão

E pisa e passa

Cuidadoso, de mansinho


Pega e corre, silencioso

Atrás de um pobre passarinho

E logo pára

Como assombrado

Depois dispara

Pula de lado

Se num novelo

Fica enroscado


Ouriça o pelo, mal-humorado

Um preguiçoso é o que ele é

E gosta muito de cafuné

Com um lindo salto


Leve e seguro

O gato passa

Do chão ao muro

Logo mudando

De opinião


Passa de novo

Do muro ao chão

E pisa e passa

Cuidadoso, de mansinho

Pega e corre, silencioso


Atrás de um pobre passarinho

E logo pára

Como assombrado

Depois dispara

Pula de lado


E quando à noite vem a fadiga

Toma seu banho

Passando a língua pela barriga

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O Riso e a Faca

Quero ser o riso e o dente

Quero ser o dente e a faca

Quero ser a faca e o corte

Em um só beijo vermelho


Fiz meu berço na viração

Eu só descanso na tempestade

Só adormeço no furacão


Eu sou a raiva e a vacina

Procura de pecado e conselho

Espaço entre a dor e o consolo

A briga entre a luz e o espelho


Tom Zé

domingo, 27 de setembro de 2020

sábado, 22 de agosto de 2020

Poesia russa e músicos brasileiros de primeira: Sucesso!

 Maiakóvski, João Bosco, Nico Assumpção, Nelson Faria... tem como dar errado?

João Bosco e Nico Assumpção - “E então, que quereis?/ Corsário” ao vivo

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Paz no Caos

"Tem calma, tem jeito, tem também
O coração tranquilo, coração de alguém
De alguém”


Liniker e os Caramelows - “Calmô”

sábado, 8 de agosto de 2020

Sultans of Swing

Nessa quarentena o Plano B apresenta para vocês uma versão desse clássico que faz parte do primeiro álbum da banda britânica Dire Straits, lançado em 1978.
Aproveite e nos siga também no Facebook e no Instagram @planobband

 

terça-feira, 28 de julho de 2020

domingo, 26 de julho de 2020

Livro Aberto

Penso em voz alta
Já quase cantando
E muitos segredos se vão
Quem chega perto
Escuta o que eu penso
Ser um livro aberto é bom

Mesmo em meu peito
Se guardo tristeza
Tem sempre um pouquinho que sai
E vai saindo
Com toda a certeza
Até que no fim não tem mais

Choro não nego
Às vezes me entrego
A um pranto que nunca contei
Basta me olhar na cara
Que o coração dispara
E os olhos dizem: chorei!

Sonho e me agito
No meio da noite
É fácil saber que sonhei
Quem está do lado
Acorda assustado
E sempre me diz que eu falei

Tudo que sinto
Em mim transparece
E nada parece sutil
E se cochicho
Com todo capricho
Tem gente de longe que ouviu

E a alegria
De todos os dias
Não adianta esconder
Nem que eu me cubra
Desapareça
Olhando bem dá pra ver

Penso em voz alta
Já quase cantando
E muitos segredos se vão
Se me perguntam
Sobrou algum segredo
Eu digo sem medo que não

Ná Ozzetti / Luiz Tatit

quinta-feira, 23 de julho de 2020

sábado, 11 de julho de 2020

Heal Is Coming Soon

Nós do Plano B (de Beatles) temos uma mensagem (de otimismo) pra você!! Se vc também acredita, torce e quer que essa pandemia acabe logo, compartilhe pra que mais pessoas vibrem nesse mesmo pensamento. Aho!!

domingo, 14 de junho de 2020

E porque sim e porque não...

Nítido e obscuro

A porcelana e o alabastro
Na pele que eu vou beijar
O escuro atrás do astro
Na boca que me afogar
Os veios que há no mármore
Nos seios de Conceição
E desafeto e mais paixão
E porque sim e porque não
Porque em você
O que me prende vive livre
Como tudo que há no espelho
Existe mas não tive
O bambual de ouro no dorso do tigre
O farol de Alexandria varando a solidão
Tu me incendeia e o ciúme entra na veia
A paixão ricocheteia
Sobe inté o coração - e é bão!
Pouco existente feito as perna da sereia
O cavalo de São Jorge, pisando a lua cheia
Igual a chuva que há no fundo da baleia:
É tão pouca e formoseia o aguarão do mar
O amor vareia: o primeiro virar areia
O segundo sacaneia
Mas o próximo é ilusão - que bão!
Eu quando choro do olho sai meteoro e fogo
De cada poro um vulcão
É dor capaz de tombar a Via-Láctea no mar
Mas cabe dentro do olho
De um grilo no manguezal
Eu quando rio faz frio de calafrio
As moça tem arrupio e terção
É alegria capaz de acovardar lobisome
E quando mais se espera dela
É aí que ela some
Eu jogo truco, dou troco
Sou truculento e turrão
Bato muito firme
Danço jongo candongueiro
Eu mato a cobra
E dispois exibo o pau pra nós dois:
Tu se afeiçoa, faz carinho e me enleia
Eu gosto mas me aperreia
O depender de mulher
É sempre nítido e obscuro o que se quer!

(Guinga e Aldir Blanc)

terça-feira, 9 de junho de 2020

sábado, 23 de maio de 2020

Como 2 e 2 são 5

Como 2 e 2

Quando você
Me ouvir cantar
Venha não creia
Eu não corro perigo
Digo, não digo, não ligo
Deixo no ar
Eu sigo apenas
Porque eu gosto de cantar
Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual
Quando eu canto
E sou mudo
Mas eu não minto
Não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias
Tristezas e brinco
Meu amor!
Tudo em volta está deserto
Tudo certo
Tudo certo como
Dois e dois são cinco
Quando você
Me ouvir chorar
Tente não cante
Não conte comigo
Falo, não calo, não falo
Deixo sangrar
Algumas lágrimas bastam
Pra consolar
Tudo vai mal
Tudo, tudo, tudo, tudo
Tudo mudou
Não me iludo e contudo
A mesma porta sem trinco
Mesmo teto, mesmo teto
E a mesma lua a furar
Nosso zinco

Meu amor!
Tudo em volta está deserto
Tudo certo
Tudo certo como
Dois e dois são cinco
Meu amor! Meu amor! Meu amor!
Tudo em volta está deserto
Tudo certo
Tudo certo como
Dois e dois são cinco

Caetano Veloso

segunda-feira, 4 de maio de 2020

domingo, 5 de abril de 2020

Quando o baixista faz a magia acontecer...

Leland Sklar é a prova de que feeling  e técnica podem e devem sempre andar juntos!

Phil Collins - “Against all odds” 

sexta-feira, 27 de março de 2020

Para a minha filha!

Depois de muito tempo sem pegar o violão resolvi tocar minha versão dessa música em homenagem a minha filha. Em época de coronavirus, tantos problemas e uma sobrecarga de trabalho, a saudade está cada vez maior.

Eu tenho um vídeo dela pequena cantando essa maravilhosa obra de Egberto Gismonti junto comigo. Se um dia a Clara autorizar eu posto 


Gismonti na minha modéstia opinião é um dos maiores músicos do mundo. Está homenageado inclusive na minha dissertação de Mestrado.

Bom é isso. Te amo filha!


segunda-feira, 23 de março de 2020

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Essa tal felicidade

Já rodei todo esse mundo procurando encontrar
Um amor, um bem profundo que eu pudesse realizar
Os meus sonhos de criança, como todo mundo faz
De formar uma família como era dos meus pais
Mas o tempo foi passando e a coisa mudou
Solidão foi se chegando e se acostumou
Essa tal felicidade, hei de encontrar
Mesmo se eu tiver que procurar, se eu tiver que esperar

De uma coisa eu não desisto, sou fiel não abro mão
De ter filhos, ter amigos, companheira e irmãos
Se essa vida é bonita, ela é feita pra sonhar
Mais aumento o meu desejo de afinal te encontrar

Mas o que eu não me acostumo é com a solidão
Um pedaço do seu beijo ou seu coração
Isso já me fortalece me faz delirar
Mesmo que se eu tiver que escolher
Se eu tiver que esperar

Tim Maia

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Quatro e meia da manhã

os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro e dirão:
“ele tá bêbado de novo”,
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo e
como algo esfaqueado
e cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
Charles Bukowski

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Ignoro

Ignoro quando choro
Ignoro quando choro
Porque se fosse chorar
Ia chorar sem parar
Te puseram nesta terra
Esqueceram de avisar
Que tá tudo tão travado
Ninguém pode te ajudar
Se o normal é por ai
Abre as portas do hospício
Sabe? Do lado de fora
O sorriso vem com vício
Na cidade rola solto
O que o homem traz no bolso
Muitas vezes não é nada
Então vem a madrugada
De onde ele rouba um pouco
Rouba um pouco deste muito
Que nos roubam todo dia
Prá viver na mordomia
E ninguém faz nada por isso
O que era promessa
Virou compromisso
E ninguém faz nada por isso

Catalau/ Helcio Aguirra

sábado, 8 de fevereiro de 2020

O meu tempo

Agora as pessoas
não sabem morrer
estar doentes
sofrer
ter prazer
tocar-se
dantes também não
(Ó mais nu
e branco dos homens)

Adília Lopes

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020