terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Paisagem Mexicana

Passei pela terra seca,
sem arvore e sem arroio,
com suas casas caídas,
sua pena sem socorro.

O que avistei de mais vivo
foi o cemitério plano
onde uma índia cor da terra
de joelhos ia chorando.

A aguinha da sua lágrima
tão cansada vinha andando
como se arrastara séculos
essa carreta de pranto.

Ali no meio do mundo,
toda para o céu voltada,
única fonte na areia,
sozinha, a mulher chorava.

Talvez perguntasse aos santos:
“Por que se morre? e sentisse
que do céu lhe perguntavam

também: “Para que se vive?”.

Cecília Meireles

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