domingo, 15 de março de 2015

Poesia

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Poesia, minha voz, enrouquece
De juras sobre ti: estertor,
Não pose melíflua de cantor.
Vagão de terceira no verão,
Pareces. Subúrbio e não refrão.

Abafas como Iamskaia: és maio,
Chevardin, o reduto noturno,
Onde nuvens exalam seus guais
e se vão, cada qual por seu turno.

E em dobro, pela trama dos trilhos, ––
Arrabaldes não são estribilhos, –
se rojam das estações à casa,
Não cantando, formas hebetadas.

Renovos que a chuva põe nos cachos
Até de manhã, num fio contínuo,
Pingam seus acrósticos do alto
Enquanto lançam bolhas de rimas.

Poesia, quando sob a torneira
Um truísmo é um balde de folha
Vazio, mais o jato se despeja.
Eis o branco da página: jorra!

Boris Pasternak

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