quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pequeno cosmos

Pequeno cosmos
Ah, rosas, não, nem frutos, nem rebentos.
Horta e jardim sobejam nestes versos
De consonâncias velhas e bordões.

Navegante dum espaço que rodeio
(Noutra hora diria que infinito),
É por fome de frutos e de rosas
Que a frouxidão da pele ao osso chega.

Assim árido, e leve, me transformo:
Matéria combustível na caldeira
Que as estrelas ateiam onde passo.

Talvez, enfim, o aço apure e faça

Do espelho em que me veja e redefina.
- José Saramago, em "Os poemas possíveis". 3ª ed., Lisboa: Editorial Caminho, 1981.

Um comentário:

Anônimo disse...

testando um dois tres