terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Poeta Aprendiz

Ele era um menino valente e caprino,
Um pequeno infante, sadio e grimpante.
Anos tinha dez e asas nos pés.
Com chumbo e bodoque era plic e ploc.
O olhar verde-gaio, parecia um raio
Para tangerina, pião ou menina.
Seu corpo moreno vivia correndo,
Pulava no escuro não importa que muro,
Saltava de anjo melhor que marmanjo
E dava o mergulho sem fazer barulho.
Em bola de meia, jogando de
Meia-direita ou de ponta,
Passava da conta de tanto driblar.
Amava era amar:
Amava Leonor, menina de cor.
Amava as criadas varrendo as escadas,
Amava as gurias da rua, vadias.
Amava suas primas com beijos e rimas.
Amava suas tias de peles macias.
Amava as artistas das cine-revistas.
Amava a mulher a mais não poder.
Por isso fazia seu grão de poesia
E achava bonita a palavra escrita.
Por isso sofria de melancolia,
Sonhando o poeta que quem sabe
Um dia poderia ser

Toquinho/Vinícius

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